Texto Base: Marcos 9:23-24; 2 Coríntios 12:9-10

Meus amados irmãos e irmãs, a paz do Senhor.

Hoje, eu quero falar sobre um dos sentimentos mais comuns, porém menos confessados, na jornada cristã: a sensação de fraqueza na fé. Vivemos em uma cultura, mesmo dentro da igreja, que muitas vezes celebra apenas os gigantes da fé, os testemunhos de vitórias espetaculares e a confiança inabalável. Admiramos os heróis de Hebreus 11, que “pela fé conquistaram reinos, praticaram a justiça e alcançaram o cumprimento de promessas”. E isso é bom e justo.

Mas, se formos honestos em nosso coração, há dias em que não nos sentimos como gigantes. Há dias em que nossas orações parecem bater no teto e voltar. Há momentos em que as promessas de Deus, que conhecemos em nossa mente, lutam para encontrar eco em nosso coração ansioso. Há temporadas em que a chama da nossa fé, que um dia ardeu com vigor, parece vacilar, ameaçada pelos ventos da dúvida, do cansaço, da decepção ou da dor.

O que fazemos quando nos sentimos assim? A primeira reação, muitas vezes, é a culpa. Sentimos vergonha de nossa fraqueza. Tentamos escondê-la atrás de um sorriso, de um “amém” mais alto ou de um ativismo na igreja, esperando que ninguém perceba a aridez que sentimos por dentro. Tememos que admitir a fraqueza seja o mesmo que admitir o fracasso espiritual.

Mas hoje, eu quero lhes trazer uma boa notícia libertadora: a Bíblia não apenas entende a sua fraqueza na fé, como também lhe dá um caminho para atravessá-la. A fraqueza na fé não é o fim da sua história com Deus; muitas vezes, é o começo de uma intimidade mais profunda e autêntica com Ele.

Nesta mensagem, vamos olhar para a Palavra de Deus para encontrar passos práticos e cheios de graça sobre o que fazer quando a nossa fé se sente fraca. Não vamos falar de fórmulas mágicas, mas de posturas do coração que nos reconectam ao Deus que é a fonte e o aperfeiçoador da nossa fé. Vamos aprender a:

Se você chegou aqui hoje se sentindo fraco, cansado ou vacilante em sua fé, saiba que você não está no lugar errado. Você está no lugar perfeito para encontrar a graça de um Deus que não despreza um coração quebrantado e cuja força se aperfeiçoa exatamente na sua fraqueza.

O primeiro passo, e talvez o mais libertador, quando nos sentimos fracos na fé é parar de fingir. É dar a nós mesmos a permissão para sermos brutalmente honestos com Deus. E não há exemplo mais poderoso disso do que o pai de um menino possuído por um espírito maligno em Marcos, capítulo 9.

Este homem estava no fim de suas forças. Ele já tinha levado seu filho aos discípulos, e eles não puderam fazer nada. Sua esperança estava se esvaindo. Quando ele finalmente chega a Jesus, seu pedido é quase um suspiro de desespero: “Se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos”. Jesus responde com um desafio à sua fé: “Se podes? Tudo é possível àquele que crê”.

Nesse momento, o pai poderia ter tentado fingir. Ele poderia ter dito: “Sim, Senhor, eu tenho uma fé inabalável!”. Mas, em vez disso, ele faz uma das orações mais honestas e poderosas de toda a Bíblia. Ele grita, com lágrimas, a contradição que existia em seu próprio coração: “Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!” (Marcos 9:24).

Que oração fantástica! Ele não disse: “Eu não tenho fé nenhuma”. Ele disse: “Senhor, uma parte de mim crê! Eu estou aqui, eu vim a Ti, isso é um ato de fé. Mas há outra parte de mim que está cheia de dúvida, de medo e de incredulidade. Por favor, ajuda essa parte!”. Ele entregou a Deus não apenas a sua fé, mas também a sua falta de fé. E qual foi a resposta de Jesus? Ele não o repreendeu. Ele não o dispensou. Ele honrou sua honestidade e curou seu filho.

Quando você se sentir fraco na fé, comece por aí. Vá a Deus em oração e diga a verdade. “Senhor, eu creio em Ti, mas meu coração está cheio de ansiedade. Ajuda-me. Senhor, eu sei que a Tua Palavra é a verdade, mas estou lutando contra a dúvida. Ajuda-me. Senhor, eu quero confiar, mas estou tão cansado. Ajuda-me na minha incredulidade”. A honestidade abre a porta para a graça de Deus trabalhar em nossa fraqueza.

Quando a nossa fé está fraca, nossa visão tende a ficar curta. Nós nos concentramos intensamente no problema presente, na montanha à nossa frente, e esquecemos da longa história de fidelidade de Deus em nossas vidas e na história da salvação. A fraqueza na fé muitas vezes é acompanhada por uma amnésia espiritual.

O salmista Asafe passou por isso no Salmo 77. Ele estava em profunda angústia, questionando se Deus o havia rejeitado para sempre. Sua fé estava no ponto mais baixo. Mas, no meio de sua crise, ele toma uma decisão consciente no versículo 11: “Recordarei os feitos do Senhor; recordarei os teus antigos milagres. Meditarei em todas as tuas obras e considerarei todos os teus feitos.”

Essa é uma disciplina espiritual poderosa. Quando a fé no futuro parece impossível, volte-se para a fidelidade de Deus no passado. Pegue um caderno e faça uma lista. Lembre-se de orações que Ele já respondeu. Lembre-se de livramentos que Ele já operou. Lembre-se de momentos em que Sua presença foi real e tangível. Lembre-se de como Ele salvou você, o maior de todos os milagres.

Ao fazer isso, você está construindo um memorial, como os israelitas faziam com pedras. Você está dizendo à sua própria alma: “Alma, o Deus que fez tudo isso no passado não mudou. O Deus que me tirou daquele poço de lama pode me tirar deste também. O Deus que foi fiel ontem continuará sendo fiel amanhã”. Relembrar a fidelidade de Deus é como jogar lenha na brasa que está quase se apagando. Reacende a confiança de que Ele é digno de ser crido.

Quando estamos fisicamente fracos, muitas vezes perdemos o apetite. A última coisa que queremos fazer é comer. Mas sabemos que, se não comermos, ficaremos ainda mais fracos. O alimento é necessário para a recuperação, mesmo que não tenhamos vontade. O mesmo princípio se aplica à nossa vida espiritual.

Quando nossa fé está fraca, nosso desejo pela Palavra de Deus pode diminuir. Ler a Bíblia pode parecer uma tarefa árdua, e as palavras podem parecer vazias. Nossa tendência é nos afastar, esperando que a “vontade” volte magicamente. Mas é precisamente nesses momentos que mais precisamos nos alimentar da verdade.

A fé, como nos diz Romanos 10:17, “vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo”. A fé não é algo que geramos por conta própria; ela é um dom que é nutrido pela exposição à Palavra de Deus. Mesmo que você não “sinta” nada, a disciplina de abrir a Bíblia e ler é um ato de fé em si mesmo. É dizer: “Senhor, eu não estou sentindo, mas escolho me posicionar para ouvir a Tua voz. Eu creio que a Tua Palavra tem poder, mesmo quando meu coração está dormente”.

Não precisa ler capítulos inteiros. Comece pequeno. Leia um Salmo. Medite em um único versículo. Ouça um audiolivro da Bíblia enquanto dirige. O importante é não cortar a sua fonte de nutrição espiritual. Os sentimentos são inconstantes, mas a Palavra de Deus permanece para sempre. Ao se alimentar da verdade, mesmo sem vontade, você está fornecendo ao seu espírito o combustível necessário para que a chama da fé volte a crescer forte.

Um dos maiores erros que cometemos quando nos sentimos fracos na fé é começar a olhar para a nossa própria fé. Nós a colocamos sob um microscópio. “Quão forte é a minha fé? É do tamanho de um grão de mostarda? Por que a fé de fulano parece tão maior que a minha?”. Ficamos obcecados com a nossa performance espiritual, e isso só nos leva a mais desânimo.

A fé salvadora não é grande por causa de quem a possui, mas por causa de em Quem ela é depositada. A questão não é a grandeza da sua fé, mas a grandeza do seu Deus. Uma fé pequena em um Deus imenso pode mover montanhas. Uma grande fé em qualquer outra coisa é inútil.

Pense nos discípulos no barco durante a tempestade. Eles estavam apavorados, sua fé era minúscula. Eles acordaram Jesus, gritando: “Mestre, não te importas que morramos?”. Mas Jesus se levantou, repreendeu o vento e o mar, e tudo se acalmou. A salvação deles não veio da força da fé que eles tinham, mas da presença do Mestre que estava com eles no barco.

Quando se sentir fraco, pare de olhar para dentro, para a sua fé vacilante, e olhe para cima, para o seu Deus inabalável. Adore-O por quem Ele é: Onipotente, Onisciente, Soberano, Fiel, Amoroso. Cante hinos que declarem a Sua grandeza. Fale sobre os Seus atributos. Quando você foca no tamanho do seu Deus, o tamanho dos seus problemas e a fraqueza da sua fé começam a diminuir em comparação. A fé cresce quando desviamos o olhar de nós mesmos e o fixamos no objeto da nossa fé: o Senhor Jesus Cristo.

O isolamento é o terreno de cultivo preferido da dúvida e da fraqueza. Quando estamos fracos, nossa tendência natural é nos esconder, temendo o julgamento ou o fardo que podemos ser para os outros. O inimigo ama essa tática, porque um soldado sozinho é um alvo fácil.

A Bíblia, no entanto, nos chama para o oposto. Em Gálatas 6:2, Paulo nos instrui: “Levem os fardos uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo.” Sua fraqueza na fé não é um fardo vergonhoso; é uma oportunidade para que a comunidade cristã cumpra seu propósito.

Encontre um irmão ou irmã maduro na fé, um líder de pequeno grupo, um pastor, e seja honesto. Diga: “Estou passando por um momento difícil. Minha fé está fraca. Você pode orar por mim?”. Você ficará surpreso com a resposta. Em vez de julgamento, você provavelmente encontrará empatia e ouvirá um “eu também já passei por isso”.

Quando compartilhamos nossa fraqueza, duas coisas acontecem. Primeiro, o poder da mentira de que “só você se sente assim” é quebrado. Segundo, permitimos que a fé de nossos irmãos nos sustente. A fé deles se torna um escudo para nós quando o nosso está no chão. A oração deles se torna um suporte quando não temos forças para orar. Como vimos no sermão anterior, esta é a formação “tartaruga” em ação. Não fomos feitos para lutar sozinhos. A comunidade é o sistema de apoio que Deus projetou para nos manter de pé em tempos de fraqueza.

Em nossa cultura moderna, muitas vezes equiparamos fé com um sentimento intenso de confiança e certeza. Se não estamos “sentindo”, concluímos que não temos fé. Mas a fé bíblica é muito mais robusta do que isso. Muitas vezes, a fé não é um sentimento, mas um ato de obediência.

Quando você se sentir fraco na fé, pergunte-se: “Qual é o próximo passo de obediência que Deus está me pedindo para dar?”. Talvez seja continuar a dizimar, mesmo quando as finanças estão apertadas. Talvez seja perdoar alguém, mesmo quando você não sente vontade. Talvez seja continuar servindo em seu ministério, mesmo quando a paixão diminuiu. Talvez seja simplesmente levantar da cama e fazer suas responsabilidades, confiando que Deus lhe dará a força.

Esses pequenos atos de obediência, feitos sem o apoio de nossos sentimentos, são declarações de fé profundas. É dizer a Deus: “Senhor, meu coração não está nisso agora, mas porque Tu és Deus e a Tua Palavra é a verdade, eu vou te obedecer. Eu escolho agir com base no Teu caráter, não em minhas emoções inconstantes”.

Deus honra esse tipo de fé perseverante. Muitas vezes, é no caminho da obediência que nossos sentimentos eventualmente nos alcançam. A paixão é reacendida não enquanto esperamos passivamente por ela, mas enquanto caminhamos fielmente no caminho que Deus colocou diante de nós.

Finalmente, o que talvez seja a verdade mais paradoxal e gloriosa do evangelho. Nossa fraqueza não é um obstáculo para o poder de Deus; é o palco onde Ele mais gosta de atuar.

O apóstolo Paulo, um gigante da fé, lutou com um “espinho na carne”. Três vezes ele implorou a Deus que o removesse. A resposta de Deus não foi a cura que ele esperava, mas uma revelação que mudou sua vida: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 Coríntios 12:9).

A resposta de Paulo a isso é chocante. Ele diz: “Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.” Ele aprendeu que sua fraqueza não era uma falha, mas uma doca vazia onde o navio do poder de Cristo poderia atracar. Quando somos fortes, autossuficientes e confiantes em nossas próprias habilidades, deixamos pouco espaço para Deus agir. Mas quando chegamos ao fim de nós mesmos, quando admitimos nossa fraqueza, criamos o espaço perfeito para que a força d’Ele seja manifestada.

Portanto, se você está se sentindo fraco na fé hoje, pare de lutar contra isso em suas próprias forças. Renda-se. Abrace sua fraqueza e ofereça-a a Deus como um vaso vazio. Diga: “Senhor, estou fraco, e não consigo consertar isso. Mas eu sei que a Tua graça é suficiente. Eu sei que o Teu poder se aperfeiçoa aqui mesmo, na minha fraqueza. Por favor, enche-me com a Tua força”. É nesse lugar de rendição que o poder de Cristo repousa sobre nós, e descobrimos que, quando somos fracos, então é que somos fortes.

Sentir-se fraco na fé não é pecado. É parte da experiência humana em um mundo caído. O que importa não é a ausência da fraqueza, mas o que fazemos quando ela chega.

Hoje, vimos um caminho de graça: seja honesto com Deus, lembre-se de Sua fidelidade, alimente-se de Sua Palavra, foque em Sua grandeza, apoie-se na comunidade, obedeça mesmo sem sentir e, acima de tudo, abrace sua fraqueza como um convite para o poder de Cristo.

A fé não é sobre o quão forte você consegue segurar a mão de Deus. É sobre a certeza de que Ele nunca soltará a sua. Judas 24 nos diz que Ele é “poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los irrepreensíveis e cheios de alegria diante da sua glória”. É Ele quem nos sustenta.

Se você está fraco hoje, saiba que a graça d’Ele é suficiente. Deixe que Ele seja forte por você. Confesse sua incredulidade, assim como aquele pai desesperado, e confie que Aquele que começou a boa obra em você é fiel para completá-la até o dia de Cristo Jesus.

Vamos orar.