Tema: “Perdoai setenta vezes sete” (Mt 18:22) – O Poder do Perdão
29/09/2025

Tema: “Perdoai setenta vezes sete” (Mt 18:22) – O Poder do Perdão

Tema: “Perdoai setenta vezes sete” (Mt 18:22)

“Então Pedro, aproximando-se de Jesus, perguntou: ‘Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?’ Jesus respondeu: ‘Digo-lhe que não até sete, mas até setenta vezes sete.’”
— Mateus 18:21-22

Neste breve diálogo entre Pedro e Jesus, esconde-se uma das verdades mais profundas, desafiadoras e libertadoras do Reino de Deus: o perdão não é uma obrigação limitada, mas uma graça ilimitada. A pergunta de Pedro parece razoável — “sete vezes?” — pois na cultura judaica, o número sete simbolizava perfeição e completude. Perdoar sete vezes já seria considerado extraordinário, quase heroico.

Mas Jesus não apenas eleva o número; explode toda lógica de contagem. “Setenta vezes sete” (ou 490 vezes, segundo alguns manuscritos) não é um limite superior, mas uma expressão hebraica que significa infinitude, continuidade, ausência de fim. Em outras palavras: perdoe sempre. O perdão não deve ser calculado, medido ou negociado. Deve fluir da mesma fonte inesgotável de misericórdia que Deus derrama sobre nós.

Este tema nos leva a explorar o poder transformador do perdão em três dimensões essenciais:

  1. O perdão como reflexo da graça recebida
  2. O perdão como caminho para a liberdade interior
  3. O perdão como mandamento do Reino de Deus

 

  1. O Perdão como Reflexo da Graça Recebida

Jesus, logo após esta resposta, conta a parábola do servo impiedoso (Mt 18:23-35), que revela com força dramática a essência do perdão cristão. Um rei decide ajustar contas com seus servos. Um deles devia dez mil talentos — uma dívida astronômica, impossível de pagar em várias vidas (um talento equivalia a cerca de 20 anos de salário de um trabalhador). Diante da impossibilidade de pagamento, o servo suplica: “Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo.”

O rei, movido por compaixão, cancela toda a dívida. Livra o servo não apenas do trabalho forçado, mas da escravidão eterna. É um ato de pura graça — não merecida, não negociada, mas concedida.

Mas esse mesmo servo, ao sair, encontra um colega que lhe devia cem denários — cerca de três meses de trabalho. Uma quantia significativa, mas ínfima comparada à dívida que fora perdoada. Quando o devedor menor pede misericórdia, o servo perdoado se recusa e o joga na prisão.

Ao saber disso, o rei entra em indignação: “Servo mau! Eu cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Não devia você ter tido misericórdia do seu colega, como eu tive de você?” E ordena que o servo seja entregue aos torturadores até pagar tudo.

A lição é clara e terrível: quem recebeu imensa graça, mas se recusa a perdoar, mostra que não entendeu o que recebeu.

Cada cristão é esse servo. Nossa dívida para com Deus — o pecado — era infinita. Nenhum esforço, boa obra ou penitência poderia apagá-la. Mas, na cruz, Jesus pagou o preço total. Deus cancelou nossa dívida não porque merecíamos, mas por compaixão (Mc 6:34), por amor (Jo 3:16), por graça (Ef 2:8).

Se Deus nos perdoou tanto, como podemos negar perdão a quem nos ofendeu? O perdão não é um gesto opcional, mas uma resposta natural à graça vivida. Quem foi perdoado muito, ama muito (Lc 7:47). E quem ama, perdoa.

O poder do perdão começa aqui: ao olhar para a cruz e reconhecer: “Fui perdoado além do que merecia. Como posso, então, guardar rancor?”

 

  1. O Perdão como Caminho para a Liberdade Interior

Muitos resistem ao perdão porque confundem perdão com aprovação, esquecimento ou reconciliação automática. Mas o perdão verdadeiro não significa dizer que o mal foi bom, nem ignorar a dor, nem restaurar imediatamente a confiança. Significa, antes de tudo, libertar-se do ciclo de amargura, vingança e escravidão emocional.

Quando guardamos mágoas, rancor, ressentimentos, estamos construindo uma prisão invisível — e nós mesmos somos os prisioneiros. A amargura corrói a alma como ácido (Hb 12:15). Torna o coração duro, fecha as portas da alegria, impede a comunhão com Deus e com os outros.

O perdão é o ato de cortar as correntes. É declarar: “Não vou permitir que essa ferida me domine para sempre. Entrego essa dor a Deus. Liberto essa pessoa do meu julgamento. Escolho não viver cativo do passado.”

Corrie ten Boom, sobrevivente dos campos de concentração nazistas, testemunhou isso de forma poderosa. Após a guerra, encontrou face a face um ex-guarda de Auschwitz que havia sido brutal com ela e sua família. Ele estendeu a mão, pedindo perdão. Corrie sentiu náusea, ódio, repulsa. Mas, em oração silenciosa, clamou: “Senhor, eu perdôo.” E, naquele momento, uma paz sobrenatural tomou seu coração. Ela apertou a mão dele. Não porque ele merecesse, mas porque ela havia escolhido obedecer a Cristo.

Esse é o poder do perdão: ele não muda o passado, mas transforma o presente. Liberta a vítima mais do que o ofensor. Restaura a dignidade, cura a memória, abre espaço para a paz.

Como disse Dietrich Bonhoeffer: “O perdão é a chave que abre a prisão onde mantemos o outro — e descobrimos que a prisão tem apenas uma fechadura do lado de dentro.”

 

  1. O Perdão como Mandamento do Reino de Deus

Jesus não trata o perdão como sugestão, mas como condição para nossa própria relação com Deus. Em Mateus 6:14-15, Ele afirma com solenidade: “Se perdoarem às pessoas as suas ofensas, também o vosso Pai celestial vos perdoará. Mas, se não perdoarem às pessoas, tampouco o vosso Pai perdoará as vossas ofensas.”

Isso não significa que o perdão humano conquista o perdão divino — a salvação é pela . Mas mostra que quem vive fora do perdão demonstra que não entendeu o evangelho. A vida no Reino é marcada pela misericórdia, não pela justiça retalhadora.

Além disso, o perdão é uma prática espiritual essencial. Assim como oramos, jejuamos e estudamos a Palavra, devemos exercitar o perdão diariamente. Efésios 4:32 diz: “Sejam uns para com os outros bondosos e compassivos, perdoando-se uns aos outros, assim como em Cristo Deus os perdoou.”

O discípulo de Cristo não espera até se sentir pronto para perdoar. Ele escolhe perdoar, mesmo com a dor ainda viva. Porque sabe que o Espírito Santo o capacita. Sabe que obediência traz liberdade. Sabe que, ao perdoar, está imitando o próprio Jesus, que, na cruz, orou: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.” (Lc 23:34)

E há um aspecto crucial: o perdão não depende da atitude do ofensor. Podemos perdoar mesmo que a pessoa nunca peça desculpas. Podemos perdoar o pai ausente, o amigo traidor, o cônjuge infiel, o líder injusto. O perdão é um ato de fidelidade a Cristo, não uma reação condicionada.

 

Conclusão: Setenta Vezes Sete — Um Convite à Vida Plena

“Perdoai setenta vezes sete” não é um número, mas um princípio do coração. É o chamado a viver em estado permanente de graça, como filhos de um Pai que nunca cansa de perdoar.

Quantas vezes você já foi ofendido? Dez? Cem? Mil? Cristo diz: “Perdoe. Sempre. De novo. E de novo. E de novo.” Não porque a dor não importa, mas porque a misericórdia é maior que a dor.

O mundo vive pela lei da vingança: “olho por olho, dente por dente”. Mas o Reino de Deus avança pela lei do perdão: “amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam” (Lc 6:27).

Quando perdoamos, não diminuímos a gravidade do mal.
Mas aumentamos o poder do bem.
Mostramos que as trevas não têm a última palavra.
Que o amor é mais forte que o ódio.
Que a cruz venceu o pecado.

Que tal começar hoje?

  • Liberte alguém do seu julgamento.
  • Ore por quem te magoou.
  • Confesse se você tem guardado amargura.
  • Volte a crer que é possível viver sem rancor.

Porque onde há perdão, há cura.
Onde há perdão, há comunhão.
Onde há perdão, há vida abundante.

E onde há vida abundante,
há o Reino de Deus se manifestando.

“Perdoai, como também o Senhor vos perdoou.” (Cl 3:13)
Não sete vezes.
Mas setenta vezes sete.
Para sempre.
Com amor.
Em liberdade.
Na luz da cruz.

 

Tema-Perdoai-setenta-vezes-sete.pdf (263 downloads )

 

Pr Reginaldo Santos

 

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